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Paulo Galli falou sobre o projeto do Trem Intercidades no NT Expo 2022

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“Não é possível pensar em transporte público sem a participação da iniciativa privada”, afirma o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.

Um sonho antigo do setor metroferroviário no Brasil começou a ganhar novos contornos: a volta dos trens regionais de passageiros. O secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Paulo Galli, participou nesta quinta-feira (17) do Congresso da 22ª NT Expo - Negócios nos Trilhos, último dia do evento, em um painel que abordou o projeto do Trem Intercidades, o TIC - Eixo Norte, que ligará as cidades de  Campinas a São Paulo, com uma parada em Jundiaí. 

Ele detalhou as condições do edital de concessão do projeto, que prevê três serviços: o Trem Intercidades (TIC), o Trem Inter Metropolitano (TIM), com a ligação entre Francisco Morato, Jundiaí e Campinas e a Linha 7-Rubi, com a operação dos trens entre São Paulo e Francisco Morato. Segundo o secretário, a previsão é que o edital seja publicado em abril e a empresa concessionária vencedora do leilão tenha um prazo de 35 anos para explorar o serviço.“Para o Estado de São Paulo não é possível pensar em transporte público sem a participação da iniciativa privada”, afirmou Galli. 

Entre as responsabilidades da empresa que assumir a concessão está a aquisição de novos trens para a operação, a modernização dos sistemas de sinalização e de energia de tração e a implementação de acessibilidade nas estações e passarelas de pedestres. 

O investimento estimado atualizado para o projeto é de R$ 10,2 bilhões. “Do valor total, 80% deverá ser suportado pelo Estado e o restante ao concessionário privado. Nós entendemos que, com essa modelagem, há um potencial maior para atrair mais investidores para fazer parte do projeto, diminuindo os riscos para eles”, explicou o secretário. Ele ainda comentou que os próximos eixos do Trem Intercidades devem ser direcionados para as cidades de Sorocaba, Santos e São José dos Campos. 

Estrutura de entorno

Também presentes no painel, o prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Arantes Machado, e o  presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, Vinícius Riverete, falaram sobre a preparação das respectivas cidades para receber a implantação do Trem Intercidades (TIC). 

“Um novo modal de transporte para a locomoção entre a cidade (Campinas) e a metrópole (São Paulo) é um pleito antigo dos munícipes. Estamos nos preparando para receber a operação do TIC promovendo um projeto para a revitalização da região central de Campinas, onde está localizada a área de mais de 270 mil m² do pátio ferroviário. O local abrigará espaços habitacionais, de comércio e parques, por exemplo”, destacou Riverete.

O prefeito de Jundiaí também garantiu que a cidade está pronta para o desenvolvimento das atividades e providências necessárias à implantação do TIC Eixo Norte. Segundo Machado, o projeto está alinhado com o Plano Diretor de Jundiaí, que tem 17 pontos de intervenções identificados para o novo modal de transporte. 

“A estratégia é compreender o nosso papel quando o projeto estiver consolidado. E a garantia é que o município de Jundiaí já estará preparado, não somente com as licenças e autorizações, mas especialmente com a reserva de recursos por meio do nosso planejamento municipal, em que já estão incluídas as intervenções de natureza local. Isso é fundamental para que a iniciativa privada tenha a segurança e estabilidade para a execução dos investimentos”, finalizou o prefeito de Jundiaí.

Shortlines: uma solução viável para a expansão no transporte de cargas e passageiros

O incentivo para o uso de shortlines para o transporte de cargas e passageiros foi o tema do painel que reuniu o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, o coordenador do Grupo de Trabalho Ferrovias de São Paulo da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Luiz Alberto Fioravante e o sócio-diretor da P2A Infraestrutura, Jean Pejo, no Congresso da 22ª NT Expo - Negócios nos Trilhos.

Fioravante destacou que o Grupo de Trabalho Ferrovias criado pela Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo já vem realizando reuniões técnicas e audiências com prefeitos de todo o Estado e entidades representativas para levantar as soluções viáveis para reativar a malha ferroviária inoperante nas cidades paulistas. Ele afirmou que, com base na lei federal do marco legal das ferrovias, o Governo de São Paulo já enviou à Assembleia Legislativa do Estado um projeto de lei para regulamentar as linhas curtas de ferrovias, as chamadas shortlines

“Com essa regulamentação das shortlines será possível o andamento da Linha Verde, que é uma rodoferrovia que liga a capital de São Paulo ao porto de Santos, por exemplo. Temos hoje apenas uma única rodovia que alimenta o porto de Santos, a Anchieta, que é de 1937, e não comporta um caminhão de nove eixos. Para solucionar esse problema, precisamos de um novo equipamento rodoviário e ferroviário. A licitação da Linha Verde deve acontecer entre abril e maio”, disse Fioravante. 

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate, que conduziu a moderação do painel, reforçou o potencial dos corredores de shortlines ferroviários para a operação de trens de carga e passageiros. “Nossa expectativa é que a participação do modal ferroviário brasileiro salte dos atuais 11% para 40% na matriz de transporte do país. E o Estado de São Paulo tem capacidade de chegar a 20% desse total do país”, destacou Abate.

Para Pejo, o potencial do Estado de São Paulo para as shortlines é muito grande em ambos segmentos: de passageiros e cargas. “São Paulo foi a grande locomotiva do sistema ferroviário, mas foi deixada de lado. Em regiões como Presidente Prudente, Assis e Marília, temos o setor da indústria e os produtores agrícolas clamando por ferrovias”, disse. 

Ele ainda relembrou que o Brasil perdeu o seu lugar de referência do século passado como um país ferroviário para os Estados Unidos, que possui atualmente a maior malha ferroviária do mundo, com mais de 200 mil quilômetros. “Podemos conquistar esse espaço novamente, com ferrovias modernas, eficientes e lucrativas”, comentou. Ele acrescentou: “Acredito que no curto prazo o Estado de São Paulo será um grande canteiro de obras com a construção de ferrovias. E, consequentemente, isso puxará o crescimento da demanda para a indústria ferroviária”, finalizou. 

Marcopolo ressalta a importância de soluções nacionais para o setor ferroviário

A Marcopolo Rail, divisão do Grupo Marcopolo, aproveitou a participação no Congresso da 22ª NT Expo - Negócios nos Trilhos para destacar o portfólio de carros de passageiros que são fabricados no complexo industrial da companhia em Caxias do Sul (RS), como a linha Passagers Coaches e o Prosper VLT. O Business Unit Head da Marcopolo, Petras Santos, explicou que a Marcopolo Rail, além da produção de novos carros, está com o foco voltado para contratos de manutenção e de modernização, em especial nos projetos de customização, que são de extrema importância para o esse segmento de transporte de passageiros.  

Santos também falou sobre a importância das soluções totalmente nacionais para os atuais e novos ramais ferroviários. Santos explicou que o padrão no mundo é que o mercado para carros de passageiros é determinado por fornecedores domésticos que muitas vezes trabalham em cooperação com as companhias do setor. “Quase todos os veículos novos na Índia, China e Rússia foram fabricados no respectivo país onde hoje são operados”, ressaltou.

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