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NT Expo 2022 mostra a transformação do setor metroferroviário

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Além dos lançamentos da feira, o evento contou com três dias de conferências com novidades do setor e presença de autoridades

A 22ª NT Expo - Negócios nos Trilhos vai ficar para a história. Além de ser o primeiro evento presencial pós-pandemia, essa edição foi palco para uma série de anúncios e aconteceu entre os dias 15 e 17 de março, no São Paulo Expo, na capital paulista. O evento foi realizado de forma simultânea à 26ª Intermodal South America.

O sucesso da versão híbrida ratificou a expectativa do público por complementar a jornada digital da NT Expo ao longo dos dois anos de pandemia, que produziu uma série de eventos de conteúdo, com a retomada da interação presencial no pavilhão. 

Além disso, a NT Expo 2022 aconteceu em momento de singular importância para o setor metroferroviário, no qual o anúncio de diversos investimentos e projetos deram tração a negócios entre empresas de toda a cadeia de produção e distribuição.

"A NT Expo aconteceu simultaneamente à Intermodal South America e a sinergia entre os dois universos de empresas potencializou o networking entre as participantes e os mais de 20 mil profissionais que visitaram os eventos", avaliou diretor do portfólio de Infraestrutura da Informa Markets Brasil, promotora e organizadora da Intermodal e da NT Expo, Hermano Pinto Jr. 

Entre os expositores, o feedback também foi muito positivo. “A NT Expo foi uma excelente oportunidade para ampliarmos nosso networking e, principalmente, para impulsionar nossos negócios”, declarou o business head da Marcopolo Rail, Petras Amaral dos Santos. Unidade de negócios da Marcopolo focada em sistemas metroferroviários, a Marcopolo Rail foi um dos destaques da feira. A empresa expôs uma réplica em tamanho real do Prosper VLT, que foi desenvolvido pela companhia nacional.

Pro Trilhos

Além de dezenas de expositores e seus lançamentos, o evento contou com muito conteúdo. As palestras começaram na terça-feira (15/03), com o Pro Trilhos, conferência organizada dentro da NT Expo pelo Ministério da Infraestrutura e pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, com o apoio institucional da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) - que contou com a participação do ministro Tarcísio Gomes de Freitas e das principais autorizatárias. 

Freitas fez um balanço sobre as ações do Ministério e destacou o novo modelo de autorizações, o Programa de Autorizações Ferroviárias (Pro Trilhos), que visa aumentar a malha com a atração de investimento privado. Segundo ele, foram recebidos 80 pedidos de autorização para a construção de ferrovias 

Com 27 contratos de autorizações já assinados entre o Governo Federal e setor privado, a projeção é que sejam investidos R$ 133,24 bilhões de recursos privados nesses empreendimentos, que devem acrescentar 9.922,5 km de novos trilhos à malha. “A participação do modal ferroviário na matriz nacional vai passar dos 20% atuais para 40% até 2035”. 

O evento Pro Trilhos contou com a participação das empresas dos principais projetos de autorização e das atuais concessionárias.

Conferências NT Expo

Nos dias 16 e 17 de março, ocorreram as conferências da NT Expo. A abertura tratou sobre os ajustes necessários no marco legal do segmento de carga e sobre o status do marco legal de passageiros, que deve viabilizar a volta dos trens regionais. Entre os presentes, destaque para o secretário nacional de Transportes Terrestres do Ministério de Infraestrutura, Marcello da Costa Vieira. 

Vieira falou sobre o fim da validade da Medida Provisória, que permitiu as primeiras 27 autorizações já outorgadas, e suas diferenças com a lei do Marco Legal das Ferrovias. Entre as mudanças para os novos contratos no modelo de autorização estão a necessidade da apresentação da fonte de financiamento do empreendimento e a indicação georreferenciada do percurso. “Uma grande diferença é que, na lei, a ANTT é responsável por processar os requerimentos, enquanto na MP era de responsabilidade do ministério", comentou. 

Já o diretor substituto do Departamento de Projetos de Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desenvolvimento Regional, Marcos Daniel de Souza Santos, abordou a ideia de um marco legal do transporte público coletivo, que começou a ser pensado com a criação do Fórum Consultivo de Mobilidade Urbana em outubro do ano passado. “O marco legal do transporte público coletivo visa o desenvolvimento da mobilidade urbana e a sustentabilidade do transporte. É essencial pensar em uma proposta com foco no usuário para melhorar a qualidade e a percepção que a população tem hoje do transporte público. E também tratar a modicidade tarifária, em que precisamos buscar fontes alternativas para manter a infraestrutura e a qualidade do serviço”, declarou. 

Passageiros ferroviários

O Congresso NT Expo - Negócios nos Trilhos também trouxe representantes das principais operadoras de transporte metroferroviário para apresentações sobre os planos de investimento para o futuro. O diretor-presidente do Metrô São Paulo, Silvani Pereira, destacou os projetos de novas linhas para integrar o metrô da cidade, como a Linha 16 - Violeta, entre a rua Oscar Freire e Jardim Brasília, que deve receber um investimento de quase R$ 19 bilhões, e a Linha 19 - Celeste, entre o Bosque Maia e o Anhangabaú, com investimentos na ordem dos R$ 16,7 bilhões. 

Já o presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Pedro Tegon Moro, reforçou o foco da CPTM nas receitas acessórias para contribuir nos investimentos feitos pela companhia. Ele disse que apenas a realização da licitação de um contrato de publicidade,  leilões de inservíveis/sucata e a concessão de uma área de varejo na região do Brás, gerou uma receita de R$ 544 milhões. “Temos uma gama de outras opções, neste sentido de receitas acessórias, para implantar - com a estimativa de gerar mais R$ 1,44 bilhão em receita”, ressaltou.

Outra temática foi o painel sobre o case do Veículo Leve sobre Trilhos implantado em Santos, litoral de São Paulo. Defensor do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o  consultor independente em transporte Peter Alouche, elencou os critérios que devem ser levados em consideração na seleção de um sistema de transporte para uma cidade. Segundo ele, a ordem correta é pensar no meio ambiente, na demanda do local, na tecnologia adequada e, por último, no custo de construção. “Em países como a França, o custo é considerado como algo relativo, porque o objetivo do VLT é valorizar a cidade, não é apenas para transportar”, afirmou.

Trens regionais e shortlines

Outra presença ilustre no evento foi o secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Paulo Galli, que participou do painel que abordou o projeto do Trem Intercidades, o TIC - Eixo Norte, que ligará as cidades de Campinas a São Paulo, com uma parada em Jundiaí. 

Ele detalhou as condições do edital de concessão do projeto, que prevê três serviços: o Trem Intercidades (TIC), o Trem Inter Metropolitano (TIM), com a ligação entre Francisco Morato, Jundiaí e Campinas, e a Linha 7-Rubi, com a operação dos trens entre São Paulo e Francisco Morato. Segundo o secretário, a previsão é que o edital seja publicado em abril e a empresa concessionária vencedora do leilão tenha um prazo de 35 anos para explorar o serviço.“Para o Estado de São Paulo não é possível pensar em transporte público sem a participação da iniciativa privada”, afirmou Galli. 

Também presentes no painel, o prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Arantes Machado, e o  presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, Vinícius Riverete, falaram sobre a preparação das respectivas cidades para receber a implantação do Trem Intercidades (TIC). 

“Um novo modal de transporte para a locomoção entre a cidade (Campinas) e a metrópole (São Paulo) é um pleito antigo dos munícipes. Estamos nos preparando para receber a operação do TIC promovendo um projeto para a revitalização da região central de Campinas, onde está localizada a área de mais de 270 mil m² do pátio ferroviário. O local abrigará espaços habitacionais, de comércio e parques, por exemplo”, destacou Riverete.

O incentivo para o uso de shortlines para o transporte de cargas e passageiros também foi o tema do painel que reuniu o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, o coordenador do Grupo de Trabalho Ferrovias de São Paulo da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Luiz Alberto Fioravante e o sócio-diretor da P2A Infraestrutura, Jean Pejo.

Fioravante destacou que o Grupo de Trabalho Ferrovias criado pela Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo já vem realizando reuniões técnicas e audiências com prefeitos de todo o Estado e entidades representativas para levantar as soluções viáveis para reativar a malha ferroviária inoperante nas cidades paulistas. Ele afirmou que, com base na lei federal do marco legal das ferrovias, o Governo de São Paulo já enviou à Assembleia Legislativa do Estado um projeto de lei para regulamentar as linhas curtas de ferrovias, as chamadas shortlines

“Com essa regulamentação das shortlines será possível o andamento da Linha Verde, que é uma rodoferrovia que liga a capital de São Paulo ao porto de Santos, por exemplo. Temos hoje apenas uma única rodovia que alimenta o porto de Santos, a Anchieta, que é de 1937, e não comporta um caminhão de nove eixos. Para solucionar esse problema, precisamos de um novo equipamento rodoviário e ferroviário. A licitação da Linha Verde deve acontecer entre abril e maio”, disse Fioravante. 

Pelo lembrou que o Brasil perdeu o seu lugar de referência do século passado como um país ferroviário para os Estados Unidos, que possui atualmente a maior malha ferroviária do mundo, com mais de 200 mil quilômetros. “Podemos conquistar esse espaço novamente, com ferrovias modernas, eficientes e lucrativas”, comentou. Ele acrescentou: “Acredito que, no curto prazo, o Estado de São Paulo será um grande canteiro de obras com a construção de ferrovias. E, consequentemente, isso puxará o crescimento da demanda para a indústria ferroviária”, finalizou.

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