Quando falamos sobre a jornada de descarbonização, é importante lembrar que isso não se trata apenas de combustíveis alternativos.
Embora as fontes alternativas de energia sejam uma direção muito estudada, há outros produtos que podem ser explorados no setor ferroviário do futuro.
Por conta disso, a NT Expo 2023 realizou uma palestra sobre o tema com Felipe Bottosso, gerente de Engenharia na América Latina, e Daniela Ornelas, diretora, da Wabtec Corporation, uma empresa líder no setor ferroviário.
Veja a seguir como a indústria ferroviária está adotando novas tecnologias para reduzir sua pegada de carbono e impulsionar um futuro mais sustentável.
Melhorias de potência, desempenho e eficiência
Ao abordarmos melhorias de potência, desempenho e eficiência, estamos contribuindo para a sustentabilidade e para o transporte de carga de forma mais eficiente.
De acordo com Ornelas, um exemplo notável de sucesso nesse sentido é a ES44, uma locomotiva que a Wabtec trouxe recentemente para operações pesadas.
“Anteriormente, já tínhamos a locomotiva C44, que ainda apresentava um ótimo desempenho. No entanto, enxergamos a oportunidade de aprimorar ainda mais seus resultados”, relatou a executiva durante o encontro do setor.
Ela prosseguiu: “Com a introdução do novo motor na ES44, conseguimos obter uma economia de combustível de aproximadamente 5%. É importante destacar que essa economia é medida no ciclo de trabalho e pode variar ligeiramente dependendo da aplicação”.
A diretora explicou ainda que essa melhoria na eficiência energética não apenas reduz o consumo de combustível. Ela também diminui as emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes associados ao transporte ferroviário.
Combustíveis e fontes alternativas de energia
No campo dos combustíveis e fontes alternativas de energia, a bateria se destaca como um dos principais pilares.
Na busca por soluções mais sustentáveis, a Wabtec foi pioneira na introdução da tração AC e de um inversor por eixo. Além disso, a empresa desenvolveu uma locomotiva 100% movida a bateria.
Segundo Bottoso: “Os testes realizados com essa primeira máquina, nos Estados Unidos, percorrendo mais de dez mil milhas, em composição com outras duas locomotivas diesel-elétricas, geraram resultados promissores. Durante esses testes, a locomotiva registrou uma redução de consumo de combustível de cerca de 11%”.
Ainda nas palavras do engenheiro: “É importante ressaltar que essa máquina era apenas a primeira versão, com 2,4 megawatts de potência de bateria, e a tecnologia está evoluindo rapidamente.”
Ele observou também que “atualmente, já estamos falando de máquinas com capacidade de energia de até 8 megawatts, o que indica um potencial de economia ainda maior do que o observado nos testes conduzidos nos Estados Unidos.”
O especialista complementou com otimismo, relatando que “com esse avanço, é possível vislumbrar uma economia de até 30%, desde que essas máquinas sejam utilizadas em conjunto com as locomotivas a diesel, aproveitando a regeneração de energia durante as frenagens dinâmicas”.
O hidrogênio como fonte alternativa
O conceito de hidrogênio verde tem sido amplamente discutido, pois é uma condição essencial para impulsionar seu uso nas ferrovias. De acordo com os representantes da Wabtec, embora esse conceito esteja em desenvolvimento nos próximos anos, já existem iniciativas de estudo e desenvolvimento em andamento.
“Uma abordagem relacionada ao hidrogênio é a combustão direta no motor diesel. Nela, o motor diesel é mantido próximo ao original e o hidrogênio é injetado diretamente na câmara de combustão. Embora o motor continue sendo movido a diesel, ele alcança taxas de substituição de combustível na faixa de 70% a 80%”, explicou Bottosso.
Para saber mais sobre esse assunto tão relevante, faça seu cadastro na plataforma da NT Expo e veja a apresentação na íntegra!