Apesar de ser mais utilizada especialmente nos pneus do modal rodoviário, a borracha também é um importante insumo para o segmento ferroviário.
Ao contrário do que pode parecer, a borracha também exerce um papel essencial na movimentação das locomotivas, em especial para aspectos como suspensão e amortecimento.
Engenheiro de Desenvolvimento da Vibtech, empresa especializada na produção de peças deste tipo, Fábio Kulakauskas ministrou uma palestra sobre o tema na NT Expo 2023.
Confira abaixo algumas das informações apresentadas por ele no evento!
O uso das peças de metal-borracha no setor metroferroviário
Kulakauskas iniciou sua apresentação observando que 80% do transporte de cargas do Brasil é feito com o uso de pneus, destacando que a borracha também é usada nos aviões, o que torna o material de grande importância para a logística. Ele comentou que existem dois universos: o da borracha natural e o da sintética.
“Até hoje o ser humano ainda não conseguiu produzir uma borracha sintética que seja tão elástica e resistente quanto a natural. Uma forma de enxergarmos isso na prática é vendo que a porcentagem de borracha natural em pneus de carros, caminhões e aviões é de 15, 30 a 100%. À medida que o problema aumenta, a engenharia o soluciona aumentando a proporção do uso de borracha”, comentou.
O palestrante também traçou um paralelo entre o uso dos pneus utilizados no modal rodoviário com a questão dos trens, que não utilizam tais pneus, o que os torna mais eficientes energeticamente e menos nocivos na questão sustentável.
“Quando se tem um contato roda-trilho rígido, temos um problema, que é a geração de esforços dinâmicos. Você tem muita carga e muito esforço sendo gerado, e aí surge o papel da indústria metal-borracha, pois precisamos da flexibilidade na suspensão para que ela possa ter movimentos relativos entre as estruturas e assim consigamos dissipar a energia que está sendo gerada”, refletiu o palestrante.
Kulakauskas forneceu detalhes das soluções oferecidas pela Vibtech, como peças de borracha que auxiliam a manter a vida útil das rodas utilizadas nos trens por meio do amortecimento dessas rodas ferroviárias.
“Você tem o rolamento, o adaptador, o shear pad, e tudo montado abaixo do truck. A função é de que, quando se tem uma situação de curva, você tem o eixo e as rodas com o truck transferindo carga para o eixo. Em uma curva existem esforços laterais nessa suspensão, o que coloca muito desgaste no trilho, na roda, no rolamento e em toda a suspensão, e é aí que vem o papel das peças em metal-borracha”, disse.
O especialista comentou que através do shear pad é possível preservar a roda, o que auxilia a otimizar a vida útil dela em duas a quatro vezes, gerando redução de custos e otimização nesses transportes ferroviários.
Soluções para aumentar a vida útil dos componentes ferroviários
Prosseguindo, Kulakauskas também destacou que a empresa e o setor como um todo têm trabalhado para desenvolver novas peças que ajudem em outros aspectos do vagão, como com as molas elastoméricas, cujos deslocamentos são simulados em operação em processos de laboratório que garantam sua eficácia.
“Todo o esforço do contato roda-trilho passa pela suspensão primária. Desde os anos 1970 as soluções em metal-borracha já estão consolidadas no setor ferroviária, e uma das vantagens é que com a borracha você consegue fazer uma peça simples e auxiliar a concepção do truck”, comentou ele.
Comparando a suspensão de automóveis comuns com o dos trens, Kulakauskas explicou que existe uma grande responsabilidade na qualidade dessas peças de borracha, já que eventuais falhas podem causar grandes problemas disruptivos, sendo mais complexas do que a suspensão de veículos automotivos normais.
“Outra peça bastante utilizada principalmente no Metrô de São Paulo é a mola tipo clutch, que tem a possibilidade de trocar com facilidade a parte de borracha. E temos que atender os requisitos do cliente, por isso o procedimento de homologação tem que ser feito periodicamente”, analisou.
Ele abordou ainda outras peças, como a mola cônica, bastante utilizada no segmento, assim como o acoplamento elástico, que faz a ligação entre a caixa redutora e o eixo.
“A função desse tipo de peça é maximizar a vida útil do sistema ferroviário. O nosso trabalho começa justamente no contato roda-trilho, já que todos esforços dinâmicos são gerados ali, e precisamos trabalhar na suspensão para justamente garantir a vida útil dela”, revelou.
Outro ponto abordado por Kulakauskas foi o do uso dessas peças nos trens de passageiros, onde existem preocupações diferentes às dos trens de cargas.
“Quando pensamos no transporte ferroviário de passageiros pensamos no conforto das pessoas, minimizando a transmissão de ruído e vibração para dentro da cabine, e aí a borracha natural é o melhor natural para esse tipo de solicitação”, apontou, lembrando que tais peças também são usadas em submarinos.
Quer saber mais sobre o uso de peças de metal-borracha para otimizar a eficiência das estruturas ferroviárias? Acesse a plataforma da NT Expo e confira essa e outras apresentações do evento!