Um dos principais objetivos do setor metroferroviário é aderir e utilizar as novas tecnologias para tornar as operações do segmento cada vez mais eficientes. O tema foi um dos destaques da NT Expo 2023, recentemente realizada em São Paulo.
Com o título “As melhores práticas em manutenção e novas aplicações tecnológicas”, o painel mediado por Luis Kolle, diretor-presidente da AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô), teve a participação dos seguintes profissionais:
- Washington Luke, diretor acadêmico do Master Internacional em BIM Management para Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS do Zigurat Global Institute of Technology;
- Juliana Romão, gerente Executiva de Manutenção da CCR Metrô Bahia;
- Fernando Serafim, assessor técnico da diretoria de Operações da Companhia do Metrô de São Paulo.
Confira mais do que eles apresentaram no encontro abaixo!
O uso do BIM no setor metroferroviário
O painel começou com uma apresentação de Washington Luke sobre a engenharia e o uso do BIM para o setor metroferroviário. O especialista relembrou a recente exigência do governo para o uso da ferramenta em projetos federais, o que deve se refletir no aumento e consolidação do uso da tecnologia nas obras do segmento.
"Um dos usos do BIM é fazer a simulação da construção. Então parece uma maquete, mas é bem mais sofisticado com isso, porque a gente consegue tirar toda a documentação técnica do modelo que foi visto aqui”, comentou ele.
Ele destacou como a tecnologia tem auxiliado também na manutenção de estruturas metroferroviárias já existentes, permitindo identificar e corrigir patologias, o que auxilia a evitar a disrupção das operações do setor.
Luke falou ainda sobre o uso de drones, assim como a aplicação de sensores e outros dispositivos neste sentido. Ele detalhou:
“Com a tecnologia do 5G e IoT isso avançou muito, então tudo o que você capta no sensor é transmitido para a nuvem, e lá o Big Data faz o processamento e retorna para você com essa informação, e tudo isso em tempo real.”
As ações da CCR no Metrô Bahia para otimização da manutenção
Na sequência, Juliana Romão apresenta o case das ações da CCR no Metrô Bahia. Ela iniciou sua fala relatando que a companhia investiu em 2021 na metodologia Lean, o que ajudou a empresa a identificar em quais áreas a tecnologia poderia ser melhor aplicada. Ela comentou:
“Nós tínhamos um problema de coleta da quilometragem do trem justamente para planejar as manutenções. Isso era feito praticamente de forma manual através dos operadores, mas essa squad conseguiu automatizar para que essas informações já fossem diretamente informadas ao nosso núcleo de planejamento e controle, o que tornou isso muito mais eficaz."
Ela falou também do checklist eletrônico que inclui trens, sinalização, rede aérea e sistema de energia, o que auxilia os técnicos a realizarem as manutenções preventivas com uma otimização de 85% do tempo.
Outro ponto abordado por Romão foi o da impressão 3D para a criação de peças. Ela explicou que a empresa optou por investir em um maquinário dessa natureza para possibilitar a reposição de peças que nem sempre eram encontradas.
“Temos mais de quinze projetos implantados e que trazem grande retorno para a companhia. Entre eles estão válvula de freia de trem, peça para medir o gabarito de trilho, guia de disjuntores, então há uma gama enorme de oportunidades, e temos vários outros estudos em andamento”, observou.
Ela acrescentou: “A média entre a concepção, prototipação e aplicação é de 45 dias, o que é um tempo menor do que o de reposição de algumas dessas peças, além do custo que é infinitamente reduzido.”
Ela abordou também o uso de sistemas de inovação que estão sendo utilizados para a manutenção do metrô administrado pela empresa, trazendo ganhos de segurança, eficiência operacional, mitigação de riscos e sinergia de processos.
Os avanços do Metrô de São Paulo na aplicação das tecnologias
Depois foi a vez de Serafim apresentar aspectos do uso dessas novas aplicações no Metrô de São Paulo. Ele relatou que a companhia passou a investir em diferentes inovações para manutenção preventiva nos últimos dez anos.
“Começamos a atuar na manutenção preditiva, com análise de vibração para motores de tração, análise da qualidade do óleo para transformadores de alta potência, ensaios em truck com partículas magnéticas, e a última, que vem de uns quatro anos, é o nosso sistema de monitoração de ativos”, disse.
Serafim ressaltou que, ao ter os dados dos equipamentos em tempo real, a manutenção torna-se mais assertiva e menos custosa, trazendo benefícios que incluem ainda a possibilidade de evitar eventuais falhas.
Ele comentou ainda que, devido ao fato do Metrô de São Paulo ter cinquenta anos de existência, há tecnologias de diferentes níveis que precisam ser alinhadas entre si. Segundo o especialista, a companhia já tem mais de quatro mil ativos monitorados, com a meta de chegar a todos nos próximos anos.
“Ele é calcado em três pilares: um é a aquisição, o segundo o tratamento da informação, onde já estamos incorporando tecnologias de IA, como no sistema de ventilação, onde é possível verificar se o que o sensor detecta está de acordo com os parâmetros do fabricante”, citou ele.
Serafim concluiu: “E a terceira perna é o centro de controle da manutenção, onde temos técnicos que analisam todas as informações.”
Para conferir tudo o que os painelistas falaram no evento, acesse a plataforma da NT Expo e tenha acesso a essa e outras apresentações na íntegra!