Um recente levantamento da Câmara Brasileira da Economia Digital em parceria com a Neotrust, o comércio eletrônico brasileiro teve um crescimento de 83,68% em 2020. O número representa 13 milhões de novos consumidores do País que aderiram às compras online, conforme apurado pela consultoria Ebit|Nielsen.
Os números mostram que a pandemia deu um verdadeiro boom no setor, e a demanda online fez com que a logística também fosse impulsionada.
Conforme a demanda online aumentou, em especial pelo isolamento social e outras necessidades geradas pela pandemia da Covid-19, também aumentaram os desafios dos operadores logísticos.
Para entender mais sobre como essa alta da demanda no e-commerce afetou os operadores logísticos e todo o supply chain brasileiro, conversamos com João Cristofolini, cogestor e sócio fundador da Pegaki, empresa especializada em logística para e-commerce.
Vamos conferir?
Quais ferramentas estão disponíveis para otimizar essa gestão de estoque e entrega da demanda do e-commerce?
Para Cristofolini, alguns pontos podem explicar essa incrível adaptação do setor logístico nacional frente aos novos desafios.
“Para as entregas, resolver os problemas de first-mile para pequenos sellers e marketplaces é um dos grandes desafios, junto com o last-mile. Cada vez mais lojas físicas, PUDOs (pontos de retirada e coleta), lockers vem sendo utilizados para facilitar a logística seja na coleta, retirada ou reversa, o conceito omnichannel na prática”, analisa.
Ele complementa citando outros exemplos de tecnologias que foram implementadas para auxiliar os consumidores e sanar essa crescente demanda online.
“Pequenos sellers postam pacotes em PUDOs, e o consumidor final retira sua entrega em um ponto ou loja mais próximo de sua casa, também fazendo a logística reversa nesses locais, se necessário. Novas alternativas de entrega, que não dependam dos Correios unicamente, e que geram uma experiência melhor, custo e prazo menores são os grandes objetivos do e-commerce”, observa.
Quais os efeitos da explosão da demanda no e-commerce com a Covid-19?
Como vimos na introdução deste artigo, a pandemia fez com que muitos brasileiros aderissem ao comércio eletrônico pela primeira vez, enquanto outros que já realizavam esse tipo de compra ajudaram a impulsionar ainda mais a demanda no e-commerce nacional.
Para Cristofolini, que está inserido diretamente no setor afetado pela demanda online, o crescimento foi exponencial e considerável.
“ A Pegaki cresceu mais de 50x, e o crescimento foi muito grande com todos os players do mercado. Junto com o crescimento do volume, tivemos uma aceleração em novos projetos e alternativas de logística para dar conta da grande demanda. Projetos que estavam na fila de implantação foram acelerados em tempo recorde”, explica o entrevistado.
Apesar dos bons prognósticos, o sócio-fundador da startup de logística lembra que o Brasil, apesar de estar em crescimento, segue consideravelmente atrás de outras nações quando falamos de demanda no e-commerce.
“O e-commerce dobrou de tamanho no Brasil, mas ainda representa em média 10% do varejo total, quando olhamos para a China que ultrapassou 40% das vendas no online, vemos o tamanho do mercado, oportunidade e desafios que temos pela frente. Um dos grandes gargalos para isso acontecer em um País continental como o Brasil é pensar em alternativas logísticas mais eficientes”, pondera.
Qual é o atual panorama da demanda online no Brasil?
Por fim, um dos pontos chaves para entender os desafios que ainda se apresentam para que o comércio eletrônico continue crescendo é entender onde estamos hoje.
Segundo Cristofolini, hoje, “mais de 10% do varejo é online, e muitos grandes players chegaram perto de 50% do volume, sendo o e-commerce nos últimos meses o maior responsável.”
Ainda de acordo com nosso convidado, o fechamento das lojas físicas fez com que algumas redes optassem por transformá-las em uma espécie de galpão de distribuição, o que deve se consolidar, contribuindo com uma logística mais eficiente nas compras online.
“As lojas físicas que foram fechadas pelas restrições se transformaram em minicentros de distribuição para o e-commerce, acelerando um movimento que já é tendência em muitos lugares”, finaliza.
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