Fundada em 1945 e presente em 123 países com mais de 300 linhas áreas associadas, a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos) esteve presente na Intermodal 2023 para falar sobre suas certificações CEIV.
Voltadas para a garantia da qualidade e a redução de desperdícios no transporte aéreo, as certificações foram tema de uma apresentação que contou com quatro participantes. Foram eles:
- Dani Oliveira, representante da IATA no Brasil;
- Jefferson Simões, gerente de Relacionamento com a Indústria da IATA no Brasil;
- João Pita, diretor comercial do GRU Airport; e
- Hugo Repolho, responsável pelo setor comercial de cargas do GRU Airport.
Acompanhe este artigo e conheça mais das certificações para o segmento!
O crescimento global do transporte de cargas aéreas
Oliveira iniciou sua apresentação destacando que o transporte de cargas por via aérea tem apresentado um constante crescimento, registrando recordes que mostram a importância desse modal para a logística global.
“Em 2021 foi o recorde histórico do transporte aéreo de cargas. A indústria como um todo transportou mais de 272 bilhões de CTKs, que é uma unidade correspondente à tonelada de cargas transportadas por quilômetro”, explicou ele.
Ele ainda observou que os CTKs cresceram 15 vezes nos últimos cinquenta anos, representando o grande avanço do setor de cargas aéreas na logística global. No entanto, ele destaca que ainda estamos 1,5% abaixo dos níveis de 2019, o que demonstra o impacto da pandemia, mas também a recuperação do setor.
“Uma das razões dessa recuperação é que o preço da carga aérea está cada vez mais competitivo. A partir de janeiro de 2021 a comparação da carga aérea com o contêiner marítimo chegou em seus níveis mais baixos, o que favorece o setor por sua eficiência, segurança, logística e cuidado com a carga”, afirmou.
Oliveira também revelou que uma pesquisa da IATA mostrou que 50% dos entrevistados pretendem aumentar a movimentação de cargas por via aérea, impulsionados pela alta demanda por produtos farmacêuticos e cargas especiais.
“Anualmente a indústria farmacêutica transporta em torno de um trilhão de dólares. E por conta das vacinas, como a repetição da proteção das vacinas bivalentes para 2023, é esperado que o volume transportado chegue em valor a 1.5 trilhão de dólares, que é o PIB do Brasil transportado anualmente só dessa indústria”, disse.
Ele informou, no entanto, que ainda é preciso melhorar as questões de variação de temperatura para evitar desperdícios de produtos farmacêuticos, aumentando ainda mais o nível de cargas do setor aéreo.
As certificações CEIV e sua importância para o segmento
Falando na sequência, Simões falou da padronização criada pela IATA. Sobre o CEIV, ele comentou que ele surgiu de uma demanda do setor, que apontou necessidades como a questão das baterias de lítio, introduzida em 2021.
“A gente sabe que cada vez mais as baterias são necessárias, e existe um crescimento para isso, como temos visto com a demanda de veículos elétricos. E toda a parte da certificação entra dentro do contexto regulatório, que é quando se inicia a padronização”, comentou.
Simões prosseguiu: “Lembrando que as legislações locais são aplicadas mundialmente. Se tem uma legislação específica no Brasil, e ela é válida para o transporte de baterias de lítio, ela é aplicada de forma mundial.”
Ela destacou ainda outras três certificações CEIV: Pharma, para produtos farmacêuticos; Live Animals, para animais vivos; e Fresh, para alimentos frescos.
“A gente sabe que 20% dos alimentos que necessitam de uma cadeia fria são desperdiçados. Indo além da cadeia fria, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados, o que é enorme. As causas são ou a infraestrutura inapropriada, ou falta de monitoramento de temperatura, e a certificação vem justamente para poder ajustar esses pontos”, analisou o especialista.
Simões explicou que a certificação tem as etapas de treinamento, avaliação, validação e certificação, que ocorre a cada três anos para que as empresas se adequem a eventuais atualizações nos processos. Ele se aprofundou:
“Nós temos três abordagens: a individual, onde qualquer um que trabalhe com os produtos pode ser certificado; a da cadeia, que fecha de ponta a ponta o processo; e obviamente a comunidade.”
Ainda segundo Simões, os benefícios da certificação envolvem aspectos como conformidade, qualidade, mitigação de riscos e visibilidade internacional. Por isso, a associação criou uma plataforma para reunir todos os transportadores do setor.
O caso da certificação CEIV Pharma no aeroporto de Guarulhos
Com a palavra na sequência, João Pita, diretor comercial do GRU Airport, abordou os exemplos da certificação no principal aeroporto do país.
“Isso foi feito em 2019 com a primeira certificação da IATA e também certificando alguns dos nossos processos ISO em 2021, e também a certificação CEIV feita em 2021”, disse ele.
Pitou observou que o grande fluxo de cargas farmacêuticas que passam pelo aeroporto de Guarulhos foram essenciais para a empresa privada que administra a infraestrutura hoje buscar a certificação CEIV Pharma da IATA.
Complementando, Hugo Repolho destacou que a busca pela certificação foi “um passo natural para atingirmos uma excelência operacional que seja validada e reconhecida pelos nossos clientes e pelos transportadores de carga.”
Repolho relatou que isso é uma exigência do mercado internacional, o que garante o cumprimento de práticas reconhecidas por uma entidade global, o que se reflete em toda a indústria.
“Também na parte econômica, que é importante, já que a certificação nos permite captar um mercado em crescimento e de grande valor”, refletiu o palestrante.
Repolho relatou que o processo de certificação do aeroporto começou ainda em 2018, com preparação da equipe, tendo a primeira certificação obtida em 2019, e a recertificação em 2022.
Para 2023 e 2024, ele comentou que há auditorias externas programadas para garantir a eficácia do processo de transporte de produtos farmacêuticos.
Confira a palestra na íntegra acessando a plataforma da Intermodal e tenha acesso a esse e outros conteúdos do principal evento logístico do continente!