Atualmente, segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o setor de mineração no Brasil é responsável por cerca de 2,5% de todo o PIB nacional. Em números gerais, podemos dizer que os cofres públicos fecharam o ano de 2020 com um faturamento na casa de 209 bilhões de reais a mais apenas por conta dessa atividade.
Porém, apesar dos números significativos para economia, ainda estamos longe do patamar do setor mineral de outros países, como Estados Unidos e China. E entre os inúmeros desafios e gargalos que o Brasil encara historicamente nessa área, vale destacar a importância e necessidade de maiores investimentos no transporte de minérios do país.
Para entender melhor quais são esses desafios – e também avanços – que o transporte de minérios no Brasil ainda precisa alcançar, nós convidamos Rui Carlos Botter, professor do curso de MBA em Engenharia de Produção da Fundação Vanzolini.
Vamos conferir?
Quais são os principais benefícios do transporte de minérios no Brasil?
Com basicamente toda a demanda nacional concentrada no modal ferroviário, o transporte de minérios no Brasil ainda encontra certos gargalos e limitações para a expansão de seu real potencial produtivo no país.
Para isso, o professor Rui Carlos nos compartilha um pouco sobre esse panorama nacional e ainda sugere alternativas que poderiam agregar mais benefícios à logística do setor de mineração.
“O transporte de minérios no Brasil é basicamente realizado por ferrovias, mas existe um potencial a ser explorado via hidrovias em certas regiões do país e isso poderia fomentar ainda mais o desenvolvimento do setor.
Isso porque o valor agregado deste tipo de transporte é baixo, o que na maior parte das vezes, inviabiliza a logística em grandes volumes via modal rodoviário, por exemplo.”
Além disso, Rui Carlos destaca alguns investimentos recentes do governo na infraestrutura ferroviária brasileira, que vão beneficiar a expansão e o escoamento do transporte de minérios e outros produtos no país. Ele prossegue:
“O que se pode destacar como benefícios do transporte de minérios no Brasil é a possibilidade de utilização dessas mesmas malhas ferroviárias para outros produtos e setores.
É o que deve acontecer, por exemplo, com a expansão da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que alimentará principalmente o Porto-Sul e se conectará a outras linhas ferroviárias do país, permitindo um escoamento maior de recursos vindos das regiões centrais, como grãos, produtos agropecuários e, também, o próprio minério.”
Quais são os desafios da logística de minérios nacional?
Já em relação aos desafios do transporte de minérios no Brasil, Rui é direto e objetivo em sua posição:
“Quando se fala em desafio, é preciso pensar na expansão da malha ferroviária. Hoje, por exemplo, há um grande potencial de exploração no estado do Pará com a Vale e outras fontes mineradoras.
Para isso, essas companhias, junto com o governo, estão em constante busca por soluções e alternativas viáveis para a expansão dos canais de escoamento para o setor, como os projetos de implementação de um novo Píer na baia de São Marco, expansão do Terminal Portuário de Alcântara, investimentos hidroviários pelo Mearim, saídas diretas pelo Pará, entre inúmeros outros.”
Além destes pontos, o professor da Fundação Vanzolini destaca alguns gargalos já conhecidos em determinadas operações na logística de minérios do Brasil. Ele continua:
“Um outro exemplo que pode ser destacado é em relação ao transporte de minérios de Corumbá, que até hoje encontra dificuldades logísticas via hidrovia por uma série de restrições operacionais. O ideal seria uma ligação com linhas ferroviárias ligando a região até o Porto de Santos, o que já foi pensando em projetos passados, mas inviabilizados pelos altos investimentos necessários.”
Como os diferentes modais exercem seus papéis nesse transporte de minérios em um grande território como o do Brasil?
Aqui, Rui Carlos reforça a sua visão quanto a necessidade de investimento e expansão da malha ferroviária para atender as demandas do transporte de minérios no Brasil e de outros setores também.
Além disso, o estudo de implementação de canais de escoamento por hidrovias seria uma alternativa estratégica e muito benvinda para o setor de mineração no Brasil, visto o enorme potencial que este modal poderia agregar à logística nacional.
Apesar dessa carência em infraestrutura logística, Rui finaliza sua participação apostando em expectativas promissoras para o setor, especialmente por conta dos projetos e planos de expansão da malha ferroviária pelo governo.
“Não há muitas soluções e alternativas para melhoria do transporte de minérios no Brasil que não sejam a expansão das linhas férreas e o estudo de projetos hidroviários. Hoje, com mais incentivos e planos de investimento na infraestrutura desses canais, talvez possamos ter um cenário um pouco melhor nos próximos anos”, finaliza nosso convidado.
Em resumo, essas são algumas dicas e visões sobre o transporte de minérios no Brasil e onde é possível buscar melhorias e investimentos para que o setor expanda de forma mais sólida e eficiente, como o que já ocorre em outros países.
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