Uma mudança que poderia ter sido o “caos anunciado”, mas se tornou um dos principais cases de sucesso no setor de logística no pós-pandemia. Foi assim que o vice-presidente de Operações da DHL, Fábio Miquelin, definiu a mudança das operações da Adidas para um novo campus em Extrema, em Minas Gerais, saindo do Centro de Distribuição em que estava há anos em Embu, São Paulo.
O case foi apresentado na palestra “Adidas e DHL: Um Case Inovador em Colaboração e Integração”, durante a 28ª edição da Intermodal South America, por Fábio Miquelin, vice-presidente de Operações da DHL, e André Biancardini, diretor sênior de Supply Chain da Adidas.
"Coopetição": cooperação e competição
O executivo da DHL explicou como a sintonia entre as duas empresas fez com que uma transição tão complexa funcionasse sem traumas. “A ‘coopetição’ no meio da logística é o que faz a diferença. Por mais que a DHL tenha a expertise e a automação, as pessoas são o que fazem a diferença, e por isso criamos um espaço que tivesse a cara da Adidas, para gerar senso de pertencimento ao colaborador. Toda a cultura da marca favoreceu essa ideia, gerando uma troca de informações e tecnologias que beneficia a todos”.
O diretor sênior de Supply Chain da Adidas, André Biancardini, também fez referência ao termo “coopetição” e ressaltou como o consumidor final é o principal beneficiado por essa união. “É preciso abrir a cabeça com relação ao compartilhamento de informações com competidores na operação. Ter sua supply chain e logística competitivas é melhor pra todos, inclusive o consumidor que terá preços melhores, e é claro o meio-ambiente, com menos emissões de poluentes. Neste mês de abril levaremos o nosso e-commerce também para o novo CD, com o objetivo de dobrar o faturamento nos próximos 5 anos, o que é bastante ambicioso, mas nos faz correr atrás do principal competidor”.
Retorno para funcionários e para a sociedade
O vice-presidente de Operações da DHL destacou outras metas de sustentabilidade atingidas pelo projeto, contribuindo para a sociedade ao mesmo tempo em que cumpre os planos de ESG das duas empresas. “Não é fácil operar na cidade de Extrema, do ponto de vista de mão de obra escassa na região. Mas fizemos o campus funcionar em dois turnos para a atuação da Adidas, incluindo uma fazenda solar go-green e captação da água de chuva, devolvendo pra sociedade do que nos beneficiamos”.
Já o diretor sênior de Supply Chain da Adidas falou do lado humano dessa mudança, já que os funcionários do antigo CD precisaram ser transferidos ou treinados para outras funções. “No fim das contas é uma decisão de negócios, mas que impactou cerca de quinhentas famílias, e por isso fizemos da forma mais respeitosa possível. Fizemos diversos treinamento dos funcionários para que estivessem aptos a outras oportunidades na região, e a DHL também se comprometeu a oferecer vagas a essas pessoas com prioridade. Conseguimos alocar 20% do nosso antigo quadro de funcionários em Extrema ou outras posições na Adidas e na DHL. Isso é o que dá mais orgulho de todo esse case”.
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