A tecnologia e a inovação foram as protagonistas novamente do Intermodal Xperience no início do segundo dia de programação. Quem abriu as apresentações desta quarta-feira, 7, para dar continuidade à grade de conteúdos exclusivos deste evento 100% virtual, foi Juliano Maia, product manager de logística da TOTVS, uma das maiores empresas de desenvolvimento de softwares do país e patrocinadora premium do evento, que falou sobre o tema “A tecnologia como agente de sucesso nas operações logísticas em um cenário de constantes mudanças”.
Mudanças essas que Maia fez questão de pontuar logo no começo da palestra. “Se avaliarmos o ranking das maiores empresas do mercado global como um todo em 2007, por exemplo, vemos que apenas uma companhia de tecnologia figurava entre as dez primeiras colocadas, enquanto quatro eram do setor de energia, três do setor bancário, uma montadora e um conglomerado. Em 2020, o panorama é bem diferente. Vemos uma mudança expressiva no cenário ao perceber que, atualmente, das dez maiores empresas do mundo, sete são companhias digitais. Com isso, notamos a rápida mudança de uma economia tradicional para uma mais baseada no digital”, disse.
Segundo ele, outro ponto que mudou drasticamente foi o perfil do cliente final, assim como as características de consumo do mercado. “As pessoas, hoje, não querem mais saber apenas dos produtos e serviços em si, mas das experiências que eles proporcionam e trazem consigo. Elas querem cada vez mais produtos personalizados. Ou seja, o consumidor, atualmente, não quer mais somente comprar por comprar, ele quer ter algo diferente, algo a mais do que contrata. Outra característica interessante que pontua a mudança do perfil do consumidor é o aumento exponencial do e-commerce, que cresceu significativamente neste período de isolamento social em que vivemos”.
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Caminho para o “acidente zero” em pauta
Seguindo na temática de tecnologia do Intermodal Xperience, o gerente de Logística e Engenharia Logística na BRF, multinacional de alimentos que é fruto da fusão entre Sadia e Perdigão, Luciano Farago, abordou a gestão de segurança dos motoristas na frota de caminhões que realizam as operações logísticas da companhia.
Na apresentação, Farago falou sobre como a BRF adotou uma nova tecnologia para a gestão dos motoristas, com o objetivo de proporcionar mais segurança ao prevenir acidentes. “São mais de 10 mil motoristas que integram a operação logística da BRF, percorrendo mensalmente mais de 47 milhões de quilômetros todos os meses”, pontuou.
Ele explicou que o programa batizado de SSMA (Saúde, Segurança e Meio Ambiente) foi iniciado em 2011 com ações de investigação das causas dos acidentes, a implantação de velocidade máxima de 80km/h nos trajetos, aplicação de bafômetros para os motoristas e uma sala de alerta do sono na BR-170, em Santa Catarina.
Para agir na prevenção de acidentes, a tecnologia adotada é baseada na telemetria. “É um sistema de tecnologia embarcada nos caminhões que fornece ferramentas para monitorar, rastrear e medir indicadores visando a melhor produtividade e a segurança na condução de veículos”, destacou. O sistema coleta dados relacionados ao hábito de dirigir e ao comportamento dos condutores, que indicam jornada, velocidade em pista molhada e seca, aceleração lateral, banguela e freada brusca.
Logística reversa também é tema do Intermodal Xperience
Ainda no bloco da manhã do evento digital, o assunto voltou-se para a logística reversa. Para falar sobre o modelo que busca inserir sustentabilidade no ciclo de vida de produtos eletrônicos, o diretor Geral na Tgestiona Logística, empresa do Grupo Telefônica, Gerardo Weiland, apresentou como funciona a logística reversa na operação telefônica.
“O refurbish ou logística reversa é uma cadeia de suprimentos ideal, que busca sustentabilidade de ponta a ponta”, afirmou. Ele explicou que o ciclo do refurbish inclui a coleta de dispositivos e acessórios na casa do cliente, recebimento, triagem, reparo, inspecção e revisão, controle de qualidade e, por fim, a destinação de produtos para a casa do cliente novamente.
Otimização da cadeia de suprimentos
“Utilizar as inovações em tecnologia para aumentar a eficiência da operação do nosso cliente é o objetivo”, afirmou o executivo Mauro Dias, presidente da GLP Brasil, multinacional especializada em real estate.
O executivo fez uma apresentação sobre como os parques logísticos têm o potencial de contribuir para a eficiência nas operações logísticas dos inquilinos por meio de soluções e inovações tecnológicas. “O setor logístico é impulsionado pela digitalização global e a expansão do e-commerce, porém existe um gap entre o crescente nível de exigência do consumidor e a infraestrutura disponível no país, que ainda não está pronta para cumpir a demanda. E o que está preenchendo esse gap é a tecnologia”, afirmou Dias.
Outro ponto levantado por Dias é a questão de sustentabilidade e eficiência energética. Neste ano, a GLP inaugurou a maior usina solar em uma instalação logística no Brasil. O empreendimento, localizado em Louveira, interior de São Paulo, é equipado com painéis solares no telhado, que produzem até 80% das necessidades anuais de energia da instalação.
Intralogística 4.0 conectada
Ainda no tópico de eficiência nas operações da cadeia de distribuição, o diretor de Soluções da Dematic, Márcio Lopes, apresentou o conceito de Intralogística Conectada, que foi desenvolvido em parceria com a empresa de sistemas de movimentação e armazenagem, Águia Sistemas. A Dematic é especializada em soluções de tecnologia de automação, software e serviços para armazéns, centros de distribuição e instalações de produção e é uma marca do Grupo KION, multinacional alemã.
“A premissa da Intralogística Conectada é simplificar a movimentação e a armazenagem de materiais de ponta a ponta, do recebimento à expedição, com a automação inteligente”, afirmou Lopes. Ele explicou que a automação inteligente, que é uma avanço da indústria 4.0, busca a integração do físico e do digital. Com a captação de dados do mundo físico e as análises avançadas no digital é possível entregar informações de forma automatizada e efetiva para gerar ações no intuito de otimizar a cadeia de suprimentos.
Lopes destacou que a evolução da logística de distribuição nos próximos anos - visto o crescimento das vendas online - evidenciará alguns fatores de mudança no gerenciamento de armazéns e centros de distribuição, como a redução de estoques com o objetivo de liberar mais espaço físico para o atendimento dos pedidos realizados por canais digitais.
Outro fator que deve ganhar força é a descentralização, com o uso de lojas físicas como centros de distribuição, o que permite a unificação da operação física e a digital, reduzindo custos de entrega - em especial no last mile. E também as entregas realizadas com veículos autônomos.
Regulamentação na logística farmacêutica
Outro assunto - que está na trilha de intralogística do evento - são os impactos que vão ocorrer na gestão da logística farmacêutica em razão das normas baixadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a RDC 304. Para esclarecer alguns pontos do tema, o Intermodal Xperience recebeu duas representantes do Comitê de Logística Farmacêutica da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Leila Almeida e Liana Montemor.
A publicação da RDC 304/2019 dispõe sobre as boas práticas de distribuição e armazenagem, além do transporte de medicamentos. Um dos requisitos do marco regulatório que deve trazer mais impacto é a manutenção de temperatura controlada nas cargas durante o transporte.
Segundo Liana, um dos pontos de atenção é o artigo 64 da RDC, que prevê o monitoramento e o controle de temperatura e a umidade dos medicamentos. “O mapeamento térmico das rotas é recurso essencial para avaliar o perfil temperatura e umidade nos trajetos de distribuição. É a partir deste conhecimento que será possível aplicar as medidas passivas ou ativas necessárias para cumprir a determinação. Haverá um período de transitoriedade e a obrigatoriedade da norma começa em março de 2022”.
Já Leila ressaltou que será um desafio para o mercado adaptar as práticas em relação à resolução - em especial na distribuição dos produtos farmacêuticos. “O transporte hoje é realizado sem nenhum monitoramento deste tipo. Será um desafio maior operacionalizar o registro de temperatura para quem trabalha com carga fracionada, por exemplo”, afirmou.
Automação como ferramenta de otimização
Uma das principais desenvolvedoras de soluções tecnológicas do país e patrocinadora Intermodal Tecnologia, a ModalGR teve o sócio e fundador da empresa, Luiz Simões, e o arquiteto de sistemas e gerente de projetos da companhia, Leandro Duca, falando em outra parte do evento. Ambos dissertaram sobre um case de sucesso da ModalGR, a automação de um armazém de celulose.
“Desenvolvemos uma série de soluções para agilizar e otimizar as operações do armazém como um todo, o que chamamos de microserviços. Entre eles, está uma solução de planejamento de embarque em que nós conseguimos visualizar onde as cargas foram embarcadas de fato, em quais modais, em que etapas estão, entre outras informações que facilitam o dia a dia da operação, nos dando toda a visibilidade dos processos”, disse Duca.
Simões, por sua vez, explicou um pouco mais desse conceito de microserviços. “Ao construirmos todo o sistema com base em microserviços, por mais que eles atuem de maneira integrada, passamos a ter a possibilidade de gerenciar cada um deles separadamente, se for preciso. Por exemplo, se uma etapa do processo apresentar algum eventual problema, conseguimos pará-la, se necessário, e corrigi-la, sem prejudicar todo o sistema ou operação, que segue funcionando normalmente”. complementou.
Tecnologia como aliada na redução de custos
Continuando no assunto tecnologia, o diretor comercial e de marketing da Autotrac, Márcio Toscano, trouxe aos profissionais do setor o debate sobre a utilização da“Telemetria e de Rotogramas Falados como Ferramentas de Redução de Custos e Gestão de Acidentes”.
Segundo ele, este é um tema que precisa ser abordado, visto que o número de acidentes nas rodovias do país são altíssimos. Tomando como base um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado recentemente, o executivo aponta que o total de acidentes nas rodovias federais brasileiras, de 2007 a 2019, passa de 1 milhão e 700 mil. Outro número que impressiona é o de vítimas, mais de 1 milhão e 200 mil. Muitos desses casos envolvem caminhões de transporte de cargas. “As principais causas apontadas pelo levantamento para esse alto número de ocorrências são a falta de atenção dos motoristas, o cansaço/sono, o excesso de confiança ao volante, a imprudência, a falta de manutenção nos veículos e a necessidade de cumprimento de prazos apertados”, disse.
Transformação Digital na logística
Os principais impactos da transformação digital no supply chain também foram destaques. O assunto foi evidenciado pelo diretor de supply chain e transformação digital da Unilever, Leonardo Rubinato. Para ele, não tem CEO e nem executivo nenhum que está causando uma maior transformação digital do que a pandemia.
“O que se viu nos últimos 6 meses foi uma aceleração muito grande em direção a isso. Visto que, por conta do isolamento social, o mercado de e-commerce cresceu meteoricamente. Somente no 1º semestre, este setor cresceu 145%, levando as empresas de supply chain a repensarem seus modelos de negócios”, afirmou.
Sustentabilidade logística
A sustentabilidade foi o foco da apresentação do executivo Bernardo Adão, Sustainability & Procurement Manager da AMBEV, que destacou o tema: “Green Supply Chain - Utilização de Veículos Elétricos na Distribuição Urbana”.
“Mas por que uma cervejaria está falando de logística? Porque o nosso compromisso, primeiro, é com a comunidade em que estamos inseridos e nosso propósito é unir as pessoas por um mundo melhor. Pensando nisso, desde 1995 nossa empresa vem trabalhando forte na questão da sustentabilidade. Mas agora resolvemos intensificar nosso compromisso com o meio ambiente. Em 2018, lançamos, junto com nossa parceira Volkswagen, um projeto ambicioso que visa utilizar 1,6 mil caminhões elétricos em nossa frota até 2023”.
O executivo contou, inclusive, sobre o primeiro modelo em operação. “Já temos um modelo piloto em testes há um ano, no qual avaliamos todas as características e vantagens desse tipo de veículo. Neste período, percorremos mais de 15 mil km, economizamos mais de 11 toneladas de CO² e mais de 3.300 litros de combustível. Ou seja, com esse tipo de veículo, visamos reduzir muito a emissão de CO² e a poluição sonora por parte de nossa marca, e melhorar a experiência do motorista em nossos caminhões.”
Serviço:
Evento: Intermodal Xperience.
Data: De 6 a 8/10/2020.
Mais Informações: https://bit.ly/2ZgD8BM
Inscrições: https://bit.ly/33923Z5