A pandemia da Covid-19 e agora a guerra na Ucrânia consolidaram a tendência de que a cadeia de suprimentos é uma grande rede global, interdependente e cada vez mais digital. “Quando comecei a trabalhar com supply chain, nos anos 70, a preocupação das empresas estava concentrada apenas em reduzir custos. Hoje, o ambiente mudou, pois a cadeia está inserida diretamente no cotidiano das pessoas, principalmente pela instantaneidade proporcionada pela tecnologia”, afirmou Jim Tompkins, supply chain thought leader e CEO da Tompkins International, palestrante que encerrou o segundo dia de Intermodal South America 2022, encontro de logística, intralogística e transporte de cargas que acontece no São Paulo Expo, capital paulista, até quinta (17).
Para Tompkins, essa transformação, que chama de imperativo digital, exige que as empresas invistam em um ciclo de disrupção. “É um processo de reinvenção que todos precisam passar. O mundo está volátil, convivendo com muitas complexidades e incertezas, e não há espaço para que haja resistências para essas inovações. Os acontecimentos recentes destacaram a importância do supply chain, pois revelou o seu funcionamento e necessidade para todos os segmentos da sociedade. No entanto, eficiência e efetividade só vão acontecer quando a empresa estiver aberta para as novas ideias trazidas pela transformação digital”, salientou.
Um dos caminhos apontados por ele é o fomento da excelência nos elos da cadeia de suprimentos. “Para isso, é fundamental ter colaboração entre os agentes, o que vai gerar uma síntese, promovendo a sincronização e harmonização do supply chain. Por fim, determinar que tudo isso funcione em tempo real, que é a realidade que o imperativo digital impõe hoje. Quando você fala de aceleração digital, você fala de colaboração. E quando você fala de aceleração digital e colaboração, você está falando de logística com excelência. É isso”, explicou.
Recém-lançado Correios Exporta Fácil + é nova oportunidade para exportadores e operadores logísticos
Os Correios aproveitaram a participação na Conferência Nacional de Logística (CNL), evento que integra a 26ª edição da Intermodal South America, para apresentar as funcionalidades do recém-lançado Correios Exporta Fácil +, uma nova oportunidade para exportadores e operadores logísticos. “Desde que o programa foi lançado, há 22 anos, o limite de peso para exportar um produto era de 30 quilos. Agora, essa restrição não existe mais”, afirmou Alex do Nascimento, diretor de Negócios da empresa durante palestra.
“Todo o processo é feito a partir de uma parceria com operadores logísticos credenciados. Oferecemos a simplificação do processo, com toda a classificação do produto, procedimentos aduaneiros e preparação da mercadoria, com o apoio de equipes especializadas em todo o país. Qualquer empresa que atua no setor pode entrar no site dos Correios e fazer o cadastro”, disse.
Empresas interessadas podem consultar o edital e concluir o credenciamento no site da estatal. Basta optar por “Chamamento Público”, no campo “Modalidade”, e por “Correios Sede”, no campo “Dependência”.
Sustentabilidade nos correios
Por dia, os Correios chegam a processar cinco milhões de entregas em todo o território nacional. Para que esta operação de grande porte seja cada vez mais sustentável, a empresa está investindo em soluções que gerem um menor impacto ambiental, principalmente nas grandes cidades.
“Estamos testando modelos elétricos, como bicicletas e pequenos veículos, para distribuição de última milha, que é a mais complexa de toda a operação. Mais de 200 veículos estão circulando em 11 regiões para testar o que é mais viável e eficiente, e esperamos anunciar os resultados em breve”, completou.
Com localização estratégica e projeções de crescimento, Rondônia quer atrair novos investimentos em operações logísticas
Rondônia tem potencial para atrair novos negócios no setor de logística, oferecendo estrutura eficiente e vantagem competitiva. Este foi o mote da palestra que reuniu o secretário adjunto de Estado de Desenvolvimento Econômico, Avenilson Gomes da Trindade, e o administrador da SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia), Marco Figueira, na Conferência Nacional de Logística (CNL).
“Nosso PIB atual é de R$ 60 bilhões, com um crescimento médio por ano de 6%, e temos o segundo melhor indicador de geração de empregos do país, só superado por Santa Catarina. Temos perspectivas de crescimento e estamos atraindo novos negócios. Hoje, há quatro operadores no nosso porto público, mas temos capacidade de receber mais operações”, salientou Trindade, reforçando a localização estratégica do estado, que permite o escoamento de cargas tanto pelo Oceano Atlântico como pelo Pacífico.
Essa vantagem competitiva também foi destacada por Marco Figueira. “O Brasil se consolidou como uma das grandes potências mundiais do agronegócio e a rota interoceânica multimodal tem alto potencial logístico, por meio da hidrovia do Madeira. Nosso porto, que é alfandegado, tem um transit time de 17 dias para o Canal do Panamá e de 28 dias para complexos portuários da Ásia, prazos competitivos que reduzem custos para os operadores logísticos”, pontuou.
Para o futuro, Avenilson Gomes de Andrade projeta a expansão de operações com contêineres no porto e o avanço das tratativas com o governo boliviano para viabilizar uma rota hidroviária que facilite o acesso aos portos do Peru e Chile, no Oceano Pacífico.
Empresas de logística que não se adaptarem à RDC 304/2019 não têm futuro no segmento farmacêutico, afirma Leila Almeida
A RDC 304/2019, norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que dispõe sobre as boas práticas de distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos, em vigor desde 2019, é um grande avanço, na opinião de Leila Almeida, farmacêutica da Andreani Logística e Coordenadora do Comitê de Logística Farmacêutica da Associação Brasileira de Logística (Abralog). No entanto, ela faz um alerta: “As empresas de logística que quiserem se manter no segmento farmacêutico vão ter que se adaptar”.
A afirmação foi feita em palestra proferida durante a Conferência Nacional de Logística (CNL). Leila citou como exemplo a exigência de integrantes da cadeia de distribuição gerarem estudos de mapeamento de temperatura e umidade para subsidiar as medidas de controle ativo ou passivo que serão aplicadas aos sistemas de transporte. “É um aspecto fundamental, principalmente pela diversidade climática. O mapeamento térmico precisa ser bem articulado e eficiente”, apontou.
Na Andreani, ela destaca que a solução foi investir em inovação e tecnologia. “A RDC impulsionou a busca por novas alternativas, fomentando a pesquisa. Quem não seguir a tendência, não vai permanecer no segmento. Instalamos sensores nos próprios veículos para fazer o mapeamento térmico, totalmente gerenciado por meio de um software. Isso oferece segurança e eficiência na operação, de acordo com a norma da Anvisa. Quando há, por exemplo, picos de temperatura, o sistema logo identifica para que sejam feitos os ajustes”, explicou.
Com planejamento estratégico, empresas podem transformar a energia gerada em oportunidades de negócios
Os custos com energia representam um risco para as empresas, mas, com planejamento estratégico, podem se tornar oportunidades de negócios, apontou Diego Cavalcanti, diretor de Gestão e Inteligência do Grupo Luminae Energia, em palestra proferida durante a CNL. Ele citou um exemplo: “O resultado, quando há a preocupação em planejar é, por exemplo, investir na comercialização do excedente de energia gerada”.
Para isso, é essencial seguir o roteiro: determinar as entradas (tipos de energia, uso de energia no passado, consumo passado e presente), planejamento energético (revisão energética, definição dos usos significativos de energia, variáveis para desempenho energético e priorização) e saídas (tendências de uso e consumo de energia, uso e consumo de energia no futuro, oportunidades de melhorias no desempenho, KPI´s e objetivos, metas e planos de ação).
“Determinar um indicador de desempenho é útil para estabelecer um mapa de uso energético quando a empresa tem várias unidades. Com isso, é possível estabelecer objetivos, metas e planos de ação para a redução do consumo de energia e avaliar oportunidades, também. É claro, entretanto, que o plano tem que ser vinculado à estratégia de negócio”, completou.
Palestras de intralogística e multimodalidade são alguns dos destaques do último dia de evento
O terceiro e último dia da Conferência Nacional de Logística (CNL), evento que integra a 26ª edição da Intermodal South America, terá palestras e debates sobre temas como intralogística, tecnologia, regulação e multimodalidade. O encontro acontece nesta quinta (17), das 13h30 às 18h30 horas, e reunirá especialistas e autoridades. Um dos destaques é a mesa redonda “Perspectivas e Tendências para o Setor da Logística”, que acontece a partir das 17h20, reunindo grandes players do segmento.
Outras palestras programadas para o último dia do evento vão abordar temas como "Modernização do Transporte e Frotas Inteligentes", "Desestatização do Porto de Santos", "Mediação de Conflitos Comerciais na Logística de Comércio", "Desafios da Logística Verde" e "Como a pandemia impulsionou a logística internacional". A conferência é promovida pela Abralog (Associação Brasileira de Logística) e a programação completa pode ser acessada clicando neste link.
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