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Desburocratização, Inteligência Artificial e intralogística marcam o primeiro dia do Intermodal Xperience

Temas foram destacados por autoridades e empresários do setor, que marcaram presença na data de abertura do evento digital da Intermodal South America.

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Teve início nesta terça-feira (6), a primeira edição do Intermodal Xperience, evento digital da Intermodal South America - que chega ao mercado com o intuito de conectar os profissionais do setores logístico, de transporte de cargas e comércio exterior em uma única plataforma virtual, por meio de conteúdos e iniciativas que visam facilitar o networking e a realização de negócios online. 

Abrindo o evento, o diretor do Intermodal Xperience, Hermano Pinto Júnior, agradeceu a participação das autoridades presentes e destacou a importância de gerar eventos que contribuam com o desenvolvimento do setor de logística como um todo. “O Intermodal Xperience chega para revolucionar a forma como fazemos negócios nos setores logístico, de transporte de cargas e de comércio exterior, ampliando as fronteiras do evento presencial para o mundo virtual e facilitando a aproximação e o relacionamento entre todos os players que atuam nestes segmentos”. 

Diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Juliano Noman ressaltou algumas das ações da agência reguladora: “Estamos tomando uma série de medidas internas em nossa agência para garantir mais produtividade e diminuir a burocratização do setor. Teremos uma reunião amanhã, inclusive, com diversos players e representantes governamentais, incluindo o presidente Bolsonaro, para apresentar um projeto que visa reduzir a morosidade destes mercados, proporcionando mais investimentos, mais flexibilidade, mais geração de empregos e etc, contribuindo ainda mais com o desenvolvimento da logística e do transporte de cargas no País”, afirmou. 

A superintendente de serviços de transporte rodoviário e multimodal de cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rosimeire Lima, concordou e também destacou as iniciativas da agência em busca da garantia de uma maior agilidade aos processos logísticos do setor. “Também visamos adotar a política pública do Governo Federal de desburocratização do setor, tanto no transporte rodoviário nacional de cargas quanto no internacional, em que muitos serviços foram inseridos no portal federal com o intuito de digitalizá-los e desburocratizá-los. Ao meu ver, não há outra alternativa: investimentos em desburocratização, em infraestrutura e em multimodalidade são os caminhos para melhorarmos e desenvolvermos o setor no País”, pontuou. 

Já o secretário executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, corroborou com a necessidade de mais investimentos no setor, para alavancar ainda mais a competitividade do Brasil no cenário internacional e atrair novos aportes ao País. “Nós, do Ministério da Infraestrutura, estamos trabalhando arduamente para encontrar soluções para o setor, como a abertura do Programa Pró-Brasil, que possui um planejamento que visa revisitar marcos legais e atos normativos nacionais para estudarmos novos caminhos, com o intuito de alcançarmos a primeira posição de competitividade na América Latina. Afinal, nós sabemos que um país competitivo atrai novos investimentos e gera empregos aos profissionais do mercado. Além disso, sabemos da importância de se investir em infraestrutura e que a plena retomada econômica do Brasil só ocorrerá a partir de aportes nesta área”. 

Perspectivas positivas que animaram os moderadores da solenidade, como o presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Pedro Moreira. “Expectativas como essas nos motivam a seguir ainda mais rumo ao desenvolvimento do setor no País. Por isso, só temos que agradecer a todos pela participação neste Cerimonial de Abertura do Intermodal Xperience”, concluiu. 

Conteúdos do primeiro dia de Intermodal Xperience

O ciclo de apresentações da área de conteúdo começou então com o gerente de Marketing Estratégico da Huawei no Brasil, Tiago Fontes, que expôs o case da 5G Smart Campus Warehouse da Huawei, fornecedora chinesa de tecnologia de soluções de informação da indústria e das comunicações. O projeto ativou uma rede privada de conexão 5G no Centro de Distribuição (CD) da empresa, localizado em Sorocaba (São Paulo). 

A rede de 5G foi desenvolvida para abranger a área de 22 mil m² da estrutura e automatizar os processos de transporte de materiais até as gôndolas dentro do CD por meio de robôs móveis (AGV’s, sigla em inglês para Automated Guided Vehicle) conectados pelo 5G. Segundo Fontes, até 100 robôs podem operar simultaneamente na rede sem sobrecarregar a conexão.   

“A ideia é engajar a indústria brasileira para a revolução 4.0 ao promover o desenvolvimento de tecnologias utilizando o 5G, inteligência artificial e a computação em nuvem. E a melhor maneira de mostrar que isso é possível é iniciar um projeto interno que está sendo disponibilizado para dar suporte às operações do nosso próprio time de colaboradores”, destacou o gerente de Marketing Estratégico da Huawei no Brasil.  

Próximos passos para as inovações logísticas

O gerente de Marketing Estratégico da Huawei no Brasil indicou que os próximos passos são a integração da linha automática de pesagem e embalagem e de outros dispositivos, como empilhadeiras e robôs de limpeza e inspeção.       

Ainda na temática da logística conciliada com o uso de inovações tecnológicas, o diretor de Marketing da FedEx Express para o Brasil, Gustavo Kornitz, abordou, na apresentação, o e-commerce no Brasil. Ele falou sobre a evolução no nível das expectativas dos consumidores no país. “Hoje, pesquisas apontam que 8 em cada 10 consumidores dão preferência para compras em websites que tenham opções claras de políticas de devolução de produtos. Outro ponto que está no radar é a sustentabilidade: 60% dos consumidores gostariam de receber as entregas de mercadoria em embalagens recicláveis”, disse.      

Para atender o aumento da demanda do setor, a FedEX Brasil, empresa de transporte expresso, está ampliando a infraestrutura nacional. “Inauguramos um novo centro de operações logísticas em Cajamar, interior de São Paulo. O espaço é a maior estrutura da empresa na América Latina e uma das maiores do mundo. O que representa um avanço importante nas nossas operações de e-commerce no País”, disse Kornitz. 

Ele também destacou os avanços em tecnologia da FedEx no mundo no ano passado, com o protótipo do robô de entregas na última milha, o Same Day Bot (Roxo) e a parceria com a Wing Aviation para a realização da primeira entrega agendada com drone para o e-commerce, que aconteceu na Virgínia, nos Estados Unidos.  

Logística colaborativa como chave para o sucesso

O gerente de Projetos Logísticos da Souza Cruz, Guilherme Portescheller, abordou como o conceito de logística colaborativa passou a ser aplicado na companhia de tabaco e também em parcerias com as outras empresas. A Souza Cruz atende mais 30 mil pedidos por dia, com 315 mil pontos de vendas e 36 centros de distribuição. 

“Diante da complexidade na logística nacional, onde cada região tem características diferentes, não é possível ter uma solução única. Portanto, nossa ênfase é uma estratégia que considera as especificidades de cada localidade”, disse Portescheller.      

Ele explica que o modelo colaborativo começou a ser explorado dentro da própria empresa com um circuito de fornecedores. “O caminhão que realiza o percurso de levar a matéria-prima de um de nossos fornecedores até a fábrica da Souza Cruz faz o caminho reverso, levando o produto finalizado da fábrica até um centro de distribuição, que é próximo deste fornecedor. São circuitos estáticos de ida e volta que conseguimos criar em quase todos os nossos fornecedores”.   

Tecnologia de transportes também pauta evento

Dando sequência à sua programação de conteúdos, o Intermodal Xperience teve a participação do CEO da BBM Logística, André Prado, que abordou a Otimização e a Digitalização em Strategic Sourcing (ou Matriz Estratégica de Abastecimento). O executivo destacou a importância de se adotar a metodologia para garantir mais produtividade e eficiência às operações, por meio de tomadas de decisões estratégicas e inteligentes. “Uma boa tomada de decisão pode fazer a diferença no rumo dos negócios, evitando assim consequências indesejáveis e direcionando as empresas aos seus respectivos objetivos esperados”, disse.

Segundo ele, outra vantagem dessa estratégia é auxiliar na identificação de eventuais problemas no percurso, os impactos deles para os negócios e os riscos e incertezas que podem haver no caminho. “Quando se é possível avaliar tudo isso e definir critérios relevantes com antecedência, evita-se surpresas lá na frente, além de auxiliar na organização e na sintetização de informações, na mensuração dos aspectos tangíveis e intangíveis, na representação de preferências e prioridades da empresa, no aumento de produtividade, na garantia de mais compliance e transparência com fornecedores, entre muitos outros benefícios”.

Smart Logistics Center

Outra apresentação de destaque no âmbito tecnológico foi a do vice-presidente de supply chain para a América Latina da Bayer, uma das maiores fabricantes de medicamentos do país, Carlos Ricardo Andrade, que ressaltou o conceito de Smart Logistics Center aliado à Inteligência Artificial adotado pela empresa. “O que é o Smart Logistcs Center? Trata-se de um centro de operações da nossa empresa que conecta todas as informações coletadas por nossas ferramentas de inteligência artificial ao time de logística, que, por sua vez, passa a ter o auxílio de uma base de dados completa que garante um grau de acertos e de decisões assertivas muito maior”, comentou.

Tour virtual

Outra novidade do Intermodal Xperience é a possibilidade de acompanhar um tour virtual por algumas empresas participantes. A primeira experiência foi com montadora sueca Scania. O manager da Scania Latin America, Adolpho Bastos, aproveitou para falar um pouco das iniciativas da empresa que iniciou em 2015 um novo movimento em busca da sustentabilidade. 

São três os pilares que foram determinados para firmar o compromisso em ser líder no transporte sustentável: desenvolver motores e componentes com consumo de energia eficiente; desenvolver sistemas de propulsão e motores que utilizam combustíveis renováveis e eletrificação e o uso de tecnologia para a criação de um sistema inteligente e seguro no transporte. 

“Dividimos principais metas de sustentabilidade em duas frentes. A redução em 50% das nossas emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2025, em comparação com os níveis de 2015, e a redução em 20% nas emissões de CO2 nos produtos que estão com os nossos clientes”, afirmou Bastos.   

Intralogística: O que podemos esperar para o futuro?

A temática de Intralogística liderou as apresentações do Intermodal Xperience no bloco da tarde do primeiro dia de evento 100% online. A cadeia logística do frio foi o tema de um encontro que recebeu o presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), o CEO da Friozem, Fábio Fonseca e o diretor de operações da Martin Brower, Fábio Miranda. 

Para Fonseca, da Friozem, referência em armazenagem, transporte e distribuição de produtos sob temperatura controlada, o país ainda apresenta um nível alto de ociosidade nos armazéns dedicado a cadeia do frio, com taxas de ocupação girando atualmente em torno de 60%. “A pandemia da Covid-19 influenciou este número em razão da desvalorização do dólar e a diminuição dos estoques internos, uma vez que o foco maior ficou na exportação. O fechamento dos food services também contribuiu”, disse. Porém, o executivo acredita que no médio e longo prazos a perspectiva é que essa ociosidade seja normalizada. 

Compartilhamento de Cargas é a tendência que deve crescer

Em outro momento, a discussão voltou-se para a otimização de recursos para evitar que caminhões transitem com baixa ocupação de cargas, a iniciativa de compartilhamento de entregas entre diferentes empresas têm ganhado força. Do estado de Ceará, o diretor de operações do Grupo EBD - distribuidor de alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal -, Adriano Maeda, apresentou os resultados do projeto “Central de Compartilhamento de Cargas (CCC)” realizado em parceria com a operadora logística Link Logistics.  

Na prática, Maeda explica que o projeto CCC funciona da seguinte forma: os pedidos (notas digitais eletrônicas) das empresas distribuidoras que fazem parte do projeto CCC são enviados para um software de gestão de transporte de cargas e a Link Logistics faz todo o fluxo de coleta das mercadorias em cada empresa, consolidação e a entrega da carga.

“Conseguimos quebrar um paradigma ao criar um ambiente de colaboração entre empresas distribuidoras concorrentes. O que resultou na redução de custos logísticos ao realizar entregas em menos tempo e com mais frequência nos clientes”, afirma Maeda, que acrescenta ainda: “e por fim, o que consolida todo o projeto CCC é o aumento no faturamento local em 15%”.  

Eficiência energética

Ainda pensando na otimização do gerenciamento da cadeia de suprimentos, as questões ligadas à eficiência energética em indústrias, centros de distribuição e galpões podem impactar significamente a receita das empresas ligadas à operação logística. Um estudo da gestora de energia Comerc Esco apontou que a indústria tem potencial de economizar cerca de R$ 4 bilhões por ano em energia elétrica apenas com a adoção de soluções de eficiência energética. 

O executivo Luis Guilherme Pires, diretor Comercial do Grupo Luminae Energia, que é referência em eficiência energética na América Latina, explicou que os três pilares de eficiência energética são baseados na: redução da potência, com a substituição por iluminação LED que pode gerar até 80% de economia; fontes alternativas de geração; e por último a gestão da energia. 

Análises tributárias x Logística 

A relação entre logística e o sistema tributário nacional também foi um dos destaques do primeiro dia de Intermodal Xperience. Quem abordou o assunto foi o sócio da Dessimoni & Blanco Advogados e vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Alessandro Dessimoni. 

Segundo ele, este é um tema sempre atual e relevante, já que o sistema tributário brasileiro é bastante complexo. “Se fizermos um breve retrocesso e avaliarmos cerca de vinte anos atrás, veremos que o Brasil tinha uma carga tributária por volta de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e hoje essa mesma carga tributária gira em torno de 35% do PIB. Isso tem uma explicação ligada à legislação fiscal: são todas as alterações e reformas que foram acontecendo, principalmente em nível federal, ao longo dos últimos anos. Com isso, hoje vivemos uma realidade que apresenta um número enorme de tributos: são mais de 80 no Brasil. Somente o ICMS tem mais de 45 alíquotas. E tudo isso impacta diretamente as estruturas das empresas, principalmente as que operam em mais de um estado do País”, afirmou.

Por essas e outras razões que o advogado considera fundamental que as empresas do setor criem o hábito de fazer análises e planejamentos tributários sobre suas respectivas malhas logísticas. “Esse é o cenário em que vivemos e para a construção desse planejamento fiscal é muito importante que as companhias consigam criar um linha base de suas respectivas cadeias produtivas, perguntando-se onde estão os principais fornecedores, onde são compradas as matérias-primas, se há centros de distribuição suficientes, onde eles estão localizados e etc., para que assim se entenda qual é carga tributária, de fato, sobre as respectivas cadeias e se possa então traçar estratégias mais assertivas com relação a isso”, finalizou. 

 

Serviço: 

Evento: Intermodal Xperience. 

Data: De 6 a 8/10/2020. 

Mais Informações: https://bit.ly/2ZgD8BM 

Inscrições: https://bit.ly/33923Z5 

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